quarta-feira, outubro 26, 2005

O amor é fodido

"O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido. E melhor do que morrer. Há coisas, como o álcool e os livros, que continuam boas. A morte é mais aborrecida. Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos. E do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo."
Miguel Esteves Cardoso
in "O amor é fodido"

Porquê?

Porque é que se torna tão dificil esquecer quando assim o queremos, porquê?

Porque é que não consigo esquecer quem não devo lembrar e remeter-me à minha amiga solidão, ao seu silêncio, à sua frieza, à sua imensidão. Seria tudo tão mais fácil, sim seria... Fácil como se se pudesse apagar essas memórias, memórias que se cruzam, que entram em conflicto, com pensamentos que surgem no coração, pensamentos estes sem razão nem fundamento, que não passam de meras ilusões que nos alimentam o coração e nos desiludem a alma.

Porque é que volta sempre a lembrança daquele sorriso, daquele olhar ou daquela palavra. A saudade que aperta quando se está longe e a saudade que incomoda quando se está perto. Desespera-se pelo som dessa voz, mas que depois de ouvir, deseja-se nunca ter voltado a ouvi-lo. O som dessa voz que costomava ser melodiosa e reconfortante e que agora corta a alma como se de facas se tratasse.

Porque é que as escolhas são feitas por um coração que primeiro age e só depois nos faz pensar nas consequências. Acções irreflectidas, pensamentos sem sentido, sonhos perdidos... Ilusões.

Porquê?

Gostava de um dia poder, tudo isto, explicar. Pois neste momento não encontro uma explicação credivel para as razões que me levam a amar sempre quem não devo.

Porquê?

terça-feira, outubro 18, 2005

Nunca mais, a serio que nunca mais

Ao fim de cinco bons anos, tive a estupida ideia de voltar a comer um simples hamburguer no McDonnalds. Não sei como é que voltei a cair noutra, comi o chamado Big Mac na noite de sabado passado e ainda hoje tenho o sistema digestivo todo voltado do avesso.
Juro que nunca mais caio noutra, aquilo é mau. E sinceramente, não percebo como é que há tantas pessoas no mundo inteiro que comem aquela porcaria (isto para não dizer outra coisa) todos os dias, como é que aqueles estomagos aguentam?
Eu, volto a dizer, nunca mais.
E tenho dito.

domingo, outubro 09, 2005

Penso

Penso...
Penso na vida
Penso na morte
Na grande sorte
Que por mim foi perdida
Ou que nunca vou encontrar
No grande azar
Que para sempre irá durar
Penso no que mais irei perder
O acontecerá se eu morrer
Quem me esquecerá
Quem para sempre me amará
E me recordará
Penso no mundo em que vivo
Em que sobrevivo
Minha alma isolada
Alma penada
Por muitas razões desanimada
Penso no amor
De todas a mais bela dor
Dor que faz viver
Dor que deixa morrer
Do amor à paixão
Do sonho à solidão
Penso no coração
E sua função
Realiza profecias
Que não se realizam
Escreve poesias
Que não rimam
Capaz das maiores loucuras
Das piores diabruras
Penso no amanhecer
Quantos mais irei ver
Penso no anoitecer
Penso em mim
O que me irá acontecer
Penso em ti
Nunca me senti assim
Sentimento sem fim
Em ti penso
Como insenso
Que me invade a alma
Que me invade o coração
Com a sua calmacom a sua lentidão
Que dá vida e faz morrer
Que dá alegria e faz sofrer
Penso em tudo
Penso em ti
Penso...

por Jorge Simão
2005